Dia da partida. É giro. De há uma semana para cá que tenho sentido tudo como sendo a última vez. A última vez que vejo o amigo. A última noitada com a malta. A última volta de bicicleta com o meu irmão. A última vez que a minha mãe me prepara aquele bacalhau com natas. A última vez que estou a uma 3ª feira em Lisboa.
Já me candidatei há 8 meses para sair de Portugal. Desde sempre estive seguro desta minha opção. Ter mais uma experiência além-fronteiras era mesmo o que queria. No entanto esta melancolia de última hora faz-me questionar se vale a pena.
E dou-me conta que sou mesmo parvo: porque me conheço bem, e ainda insisti em querer acreditar que não queria sair de Portugal. A prova viria mais tarde.
Escala em Amsterdão, 11 da manhã. tenho de esperar 4 horas pelo próximo avião e decido encontrar-me com a minha prima Marisa na cidade.
Foi um tempo bem passado onde deu para tudo: pôr a conversa em dia, apreciar a cidade pelos seus bairros mais conhecidos, conhecer a irritante chuva molha-parvos que insiste em não dar tréguas e de voltar a ter a sensação de estar num sítio onde existe tudo por descobrir. Foi decisivo. A melancolia já tinha ficado para trás.
A partir daqui acrescenta-se um vôo para Gotemburgo, e uma viagem até ao local da cidade onde iria ser hospedado. O tão badalado rigor dos países nórdicos decidiu desde logo presentear-me com uma inesperada surpresa: o senhorio da casa onde eu iria ficar hospedado chegou atrasado.
Mas cá estou. São e salvo mas muito cansado. A dar mais uma cartada decisiva neste jogo da sueca. Cheguei a mudar de ideias, mas agora sei o que quero: Jogo mesmo um Às. De certeza que todos vão encartar.
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