... me disponho a responder a um inquérito de rua só para poder conversar com um local por mais um pouco.
Parece-me exagerado, no mínimo, o adjectivo com que insistem em qualificar-nos neste programa de estágios: apelidam-nos de “Nata”.
Os seleccionados são, de facto, uma infima fracção dos que se candidataram: apenas cerca de 6% conseguiu chegar a este ponto.
Mas durante o processo de selecção dei mais que provas das minhas capacidades profissionais. Se cheguei aqui foi acharam que tenho espírito aberto, e tenho gosto e capacidade para enfrentar um choque cultural.
Não quero acreditar que todos os que tenham ficado para trás fossem, por isso, menos do que nós.
E muito menos quero acreditar que a “Nata” se reduza às pessoas que se candidataram a este programa de estágios.
Parece-me mais que óbvio que a verdadeira “Nata” não se compromete com um estágio que à partida não sabe para que país o vai levar, nem que funções vai desempenhar. Isso fica a cargo de nós, malucos. Que gostamos da sensação de deitar num dia, sem saber onde dormiremos no dia seguinte.
A verdadeira “Nata” não precisa deste meio para ir para o estrangeiro trabalhar. Seguramente encontram com facilidade um cargo que lhes agrade, num país a seu gosto.
É a meu ver de uma extrema arrogância a designação que nos querem impingir. Até porque se somos a “Nata”, isso não fará dos outros a “Bôrra”?
Começa o jogo. Jogo a mais alta ou a mais baixa?