É bom viver na Suécia. Destinos que antes estavam a muitos quilómetros de distância, ficaram de repente à distância de uma viagem de autocarro. Num fim de semana lá fui eu visitar um amigo português a Oslo, na Noruega.
Não havia muito que se visse na cidade por isso optámos por disfrutar da noite. E foi a loucura. Começámos por uma jantarada sem olhar a despesas (12€ por um menu big mac). Mandámos abaixo 2 cervejas (só uma cada um, parecendo que não 10€ por uma imperial é caro). Fomos bombar para a discoteca até esta fechar portas (leia-se: 3 da manhã). E perante uma noite tão animada, saímos para a rua ainda em espírito de festa.
No nosso percurso para casa eis que avistámos duas ninfas escandinavas. A vir na nossa direcção. Invadidos pelas saudades de Portugal veio à memória a serenata de Coimbra. E decidimos criar a versão norueguesa desta tradição tão nobre: Cantámos Joe Cocker nas nossas vozes bem afinadas...
"Yoooooooou are so beautiful, to me.... Can't you seeeeee?"
Elas, encarnando o espírito de rapariga portuguesa que é cortejada: não ligaram a tamanha demonstração de afecto e passaram por nós sem ligar nenhuma.
Nós, de coração despedaçado: alterarámos a letra para que percebessem a amargura que nos ia no coração...
"Yoooooooou are so ugly, to me..."
Elas, inesperadamente: vieram ao nosso encontro para pedir explicações e possivelmente partirem para a violência.
Nós, surpreendidos por tanto carinho: Metemos o rabo entre as pernas e refugiámo-nos na casa do meu amigo.
Elas, lá da rua: começaram a cantar a sua própria serenata para nós dois.
Nós, já no apartamento: fomos espreitar à janela para ver a demonstração de amor.
Elas, apaixonadas: lá permaneciam em baixo... A dedicar-nos a sua serenata. Sem guitarrista. Sem traje académico. Sem cantiga. Gritando apenas palavras pouco agradáveis e mostrando toda a sua fúria com gestos.
Bonita, a serenata de Oslo.
O Nuno. Foi uma das primeiras pessoas que devo ter conhecido por causa do Jogo da Sueca. Ele foi estudar para Gotemburgo, e naturalmente acabámos por nos encontrar um dia. Recordo que foi engraçado falar com um português e ver que algumas coisas que eu já dava por normais, ainda causavam estranheza a um recém-chegado.
- Pedro, não percebo os suecos.
- O que é que eles tramaram desta vez?
- Eu cheguei à minha residência universitária e como não conhecia ninguém fui bater às portas dos outros quartos.
- Espera lá, tu fizeste mesmo isso? - perguntei eu a já a adivinhar que não tinha sido boa ideia
- Sim, fiz. Eu apresentava-me, dizia que tinha acabado de chegar e que ia viver com eles na residência. E eles ficavam a olhar com um ar estranho.
- Estranho como?
- Parecia que não entendiam porque raio é que eu me ia apresentar. Mas pronto, pior mesmo foi quando bati num quarto em que me atendeu uma rapariga.
- Oh não Nuno... O que é que tu fizeste? - indaguei eu já quase na certeza de que tinha cometido o mais comum dos erros de principiante
- Então, para a cumprimentar ia-lhe dar dois beijos mas ela saltou para trás assustada e estendeu-me a mão.
... e forem empurrados violentamente por uma pessoa que quer passar não reajam com maus modos. É que é perfeitamente possível que seja uma rapariga que quer passar.
Era um daqueles raros dias solarengos na Suécia. Tudo corria na perfeição. As crianças brincavam e riam na rua. Os pássaros chilreavam. Os parques estavam mais verdes que nunca. E, acreditem ou não, até consegui convidar uma sueca, a Ida, para ir aproveitar o dia comigo... O plano era promissor: íamos comer um gelado na esplanada e depois... logo se via!
Lá nos encontrámos. O tema de conversa acabou por cair sobre a violência infantil. Ela estava a fazer um trabalho em que tinha de comparar a violência infantil no Norte e no Sul da Europa. Como tal o meu ponto de vista interessava-lhe...
- Pedro, o que achas da violência infantil?
- Ora, acho muito reprovável. Não há direito a bater em crianças. Elas são indefesas. - impressionei-a desde logo. Afinal onde já se viu um macho latino com tanta sensibilidade?!
- E é costume em Portugal abusar das crianças com violência? Conheces algum caso?
- Bom, claro que há casos de violência. Felizmente não conheço nenhum, mas acontece ouvir histórias tanto nos noticiários como por amigos.
- Fico contente por não estares a par de casos de violência infantil. Acreditas que li num artigo que em Itália os pais batem aos filhos para os educar?!
- Ahhhhhhhh espera lá isso estamos a falar de outra coisa! Isso não é violência!
- O quê?! - interrompeu surpresa - Tu achas normal bater numa criança?!
- Oh Ida mas isso não é bater, isso é educação. Quando uma criança se porta mal tem de ser repreendida - disse eu com tom paternal - e uma palmada nunca fez mal, pois não? - perguntei-lhe piscando o olho
- Mas Pedro… alguma vez te deram uma palmada? - perguntou-me completamente chocada
- Ohhhh minha amiga... Se me deram uma palmada... Ainda hoje a minha mãe guarda com muito carinho a colher de pau com que me dava uns açoites... E por pouco não sou do tempo em que os professores davam reguadas nas mãos dos alunos que se portavam mal! - respondi com nostalgia
A conversa terminou por ali. Ela foi para casa. Eu fiquei na esplanada a acabar de comer o gelado (e o gelado quase inteiro que ela lá deixou, que por acaso tinha um sabor bem melhor do que o meu).
Lamento. Continuo a não saber falar Sueco. Tudo o que sei resume-se a dizer números, juntamente com algumas expressões e palavras úteis.
No entanto, durante o almoço de hoje com a malta da empresa, o chefe decidiu testar os meus dotes linguísticos perante todos, e perguntou-me:
- Varmi funfe finte remti xina hou? - isto não é Sueco, é apenas o que eu consigo apanhar do que o meu chefe perguntou
- Quatro! - repliquei eu com confiança
- Gamfu femna rundra mirone semti?! - acrescentou ele
- Sim... Quatro...centos! - corrigi eu, sem perceber nada do que se passava
Os meus colegas riam efusivamente. Eu estava de tal forma perdido, que limitava-me a sorrir só para dar uma ideia de permanecer com o ego em alta. Quando as gargalhadas terminaram alguém me fez a tradução do nosso diálogo:
- Então Pedro, quantas Suecas é que já comeste?
- Quatro!
- O quê?! Já comeste 4 Suecas diferentes?!
- Sim... Quatro...centas!
The consequences of not speaking Swedish
I’m sorry. I still don't speak swedish. All I can say is numbers, and some useful words and expressions.
But during the lunch with the collegues of the office, my boss decided to test my linguistic skills in front of everyone, asking:
- Varmi funfe finte remti xina hou? – this is not Swedish, its just what I got from his question
- Four! – i replied confidently
- Gamfu femna rundra mirone semti?! – he added
- Yeah... Four...hundred! – I corrected, completly lost on the conversation.
Everyone was laughing out loud. I was so lost, that I just smiled to seem I was in control of the situation. When everyone stopped laughing, someone translated our dialog:
- Pedro, with how many Swedish girls did you get laid?
- Four!
- What?! You got laid with four Swedish girls?!
- Yes... Four...hundred!!
... descubro uma canção sobre uma rapariga Sueca, que canta sobre a sua vida. Claro está que sendo Sueca:
À parte da letra, a música é requintada e o videoclip apresenta efeitos especiais dignos de um estúdio de Hollywood. Resumindo este trabalho numa palavra: ARREBATADOR.
Pesquisei mais informações sobre a artista mas infelizmente não consegui encontrar. Quaisquer pistas que tenham sobre o seu trabalho ou paradeiro, contribuam nos comentários.
E fica o vídeo. Deliciem-se.
... peço orientação sentimental ao sabido Manel, típico emigrante português de 50 anos, e ele aconselha-me condescendentemente:
Epá... Se não arranjas gajas manda mas é uns hotmails e arruma-as!
Rapazes, aqui está um vídeo bem ilustrativo do que esperar na Suécia. Feito por uma Sueca, sobre as Suecas.
Depois de tantos anos a cultivar a imagem da mulher Sueca, para muitos este vídeo será uma surpresa desagradável.
Pois bem, eu da minha parte digo: a realidade fica aquém do mito. Mas mesmo assim não há lugar para muitas queixas!
Fica o vídeo.
Miúda alta, que vinha no comboio da manhã. Miúda de cabelos semi-longos, ondulados, castanhos mas a fugir para o aloirado. Miúda de olhos esverdeados, muito claros. Miúda gira, muito gira, quero aqui tornar oficial o meu pedido. Casas comigo?
Está mais que visto. Sou obrigado a assistir a copas *suspiro*
... me apresentam a alguma rapariga e não posso saudar com dois beijos na cara
... nos transportes públicos tenho a gentileza de deixar sair uma senhora à minha frente e ela fica embasbacada à espera que eu passe primeiro
... na fila do supermercado digo a uma senhora para me passar à frente porque só vai comprar 1 produto, e ela fica muito espantada com a minha oferta e recusa
... num centro comercial entro por uma porta e fico a segurá-la para deixar uma senhora que vinha na minha direcção entrar, e ela abre a porta imediatamente ao lado
China Ociosidade
China Ruinix em Shangai
Espanha Deu canyes
Inglaterra Dama do Ocidente
Inglaterra Tuga em Londres
Pelo mundo allAround
Pelo mundo Até onde vais com 1000 euros
Pelo mundo Mind this gap
Pelo mundo Tempo de Viajar
Polónia Site do Tiago
Rússia Da Rússia
Suécia Borboleta Pequenina