Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008
O Ram. O meu companheiro de casa indiano quando vivi na Suécia. Tive de partilhar com ele a minha frustração:
- Bolas Ram... A Suécia tem muita coisa boa, mas este negócio de cumprimentar as senhoras com um aperto de mão não tem jeito nenhum.
- Mas como é que vocês cumprimentam as mulheres em Portugal?
- Damos dois beijos. Na Índia não?
- Cumprimentar as mulheres com dois beijos? Nós na Índia respeitamos muito as mulheres! Nós na Índia nem lhes tocamos! - respondeu-me indignado
- Tudo bem... Mas se forem pessoas da família é diferente não? - perguntei para desanuviar
- Depende da familiar que é. Aí já pode ser normal cumprimentar... mas também depende da idade. Por exemplo se forem pessoas idosas respeitamos muito e nem lhes tocamos.
- Nunca tocaste num idoso para o cumprimentar?
- Comigo e com as gerações mais novas já começa a ser diferente. Já apertamos a mão aos idosos e tudo. Agora somos muito open-minded.
Terça-feira, 11 de Novembro de 2008
O Ram. O indiano com que eu partilhei a casa na Suécia. Ainda se lembram?
Às tantas, em mais uma conversa sobre o seu casamento...
- Então Ram, a tua família já te encontrou noiva na Índia?
- Ainda não. Mas também não estou muito preocupado.
- Ahhhh... estou a ver que finalmente te convenci que a vida de solteiro é a melhor
- Achas Pedro??! Não estou preocupado porque vai ser fácil encontrar uma boa noiva. Quando um indiano vive no estrangeiro tem muito mais pretendentes.
- Pois... Mas se estás no estrangeiro nem as podes conhecer...
- Não há problema. A minha família vai-me escolher uma boa mulher.
- Então oh Ram... e se eles escolhem uma mulher que eles gostam e tu não?
- Mas o mais importante é que a minha família goste! Para que é que eu quero uma mulher que eu goste e eles não?!
Domingo, 30 de Dezembro de 2007
Por altura do Natal é típico vender-se na Suécia uma bebida que se serve quente, feita à base de vinho misturado com várias especiarias. É o chamado
glögg.
O Ram, o meu amigo indiano que por esta altura já devem conhecer, sempre se revelou contra o álcool. Quer pelas suas crenças religiosas, quer pelo sabor, que ele diz não conseguir gostar. No entanto todos os seus princípios foram revistos desde que provou glögg...
- Pedro, finalmente encontrei uma bebida alcoólica que gosto!
- Mas tu não gostas do sabor do álcool!
- É que esta bebida é diferente. É doce e tem muitas especiarias indianas.- Ram mas se tu és contra o álcool porque é que insistes em andar a tentar gostar?- Nem me digas nada que já chegou ter de ouvir a minha irmã ao telefone a perguntar se eu queria desgraçar a vida.- Mas tens bebido assim tanto glögg
?- Tenho andado a beber antes de ir para a cama. E olha que aquilo funciona, adormeço muito mais relaxado e muito mais depressa. - confessa-me orgulhoso por estar a começar a adoptar costumes ocidentais.
- Estou a ver que andas a encharcar-te bem!- Pois! Bebo sempre um copo destes antes de ir dormir – aponta para um copo minúsculo, pouco maior que um shot.
- Gaita... mas então quanto álcool é que o glögg
tem?- Pelo que andei a ler 2,2%.FELIZ ANO NOVO! E para o ano que vem sejam responsáveis. Bebam
glögg.
Segunda-feira, 27 de Agosto de 2007
Há tempos o Ram, Indiano, confessou-me que a sua família estava à procura de uma noiva para quando ele voltasse à Índia. Fiquei espantado, pois claro, e tentei saber mais sobre o assunto:
- Então Ram, já te arranjaram noiva ou quê?
- A minha família está à procura. A minha irmã já me disse que quando eu chegar à Índia vai estar tudo preparado e vou-me logo casar.
- Ena, em pleno aeroporto? - perguntei eu no gozo.
- Não Pedro, primeiro tenho de ir a casa tomar um banho e descansar. É um vôo muito longo. - respondeu ele a sério.
- Então e não a vais conhecer antes do casamento?
- Não, só no casamento, e depois na noite de núpcias - confessa-me com um ar maroto
- E o que é que vais fazer na noite de núpcias? - questiono no mesmo tom
- Então... Vou conversar com ela para a conhecer melhor. Saber o que é que gosta de fazer, que música gosta de ouvir, o que é que gosta de comer...
Terça-feira, 17 de Julho de 2007
Tenho tido longas discussões com o Ram, o meu companheiro de casa Indiano. Ele argumenta continuamente que na Suécia as pessoas não ligam umas às outras e são muito materialistas. Na Índia não é assim.
Um dia destes ao dialogar com o Ram sobre motas ele ía-me dizendo:
- Epá Pedro, tenho saudades da minha mota na Índia!
- Então porquê? Era assim tão fixe transportar galinhas na bagageira?
- Não não. Na verdade na Índia tens de ter é cuidado com os animais ou pessoas que se cruzam na estrada inesperadamente. As estradas na Índia são muito perigosas.
- E tu conduzias depressa?
- Sim, quando vim para a Suécia andava a conduzir que nem um maluco. - diz ele num tom auto-repreensivo
- Mas a Polícia não controla?!
- Controla! - exclama entre gargalhadas - mas basta a gente dar uns trocos por baixo da mesa e eles deixam passar!
- Então mas tu andas sempre a dizer que na Índia as pessoas não são materialistas e que existe respeito pelos outros.
(longa pausa de silêncio)
- Bom Pedro... Tenho de começar a ter mais cuidado quando falar contigo sobre a Índia.
Segunda-feira, 9 de Julho de 2007
... o Ram, Indiano, me conta que a sua família está à procura de uma noiva para ele, na Índia. Espantado, pergunto:
- Mas tu casas com ela e nem a conheces?
- Não Pedro, a minha família vê se é uma boa mulher para mim, e manda uma fotografia para eu aprovar.
- Mas se nem conheces a noiva, não achas arriscado?
- Isso não há problema. Antes de me enviarem a foto certificam-se que ela tem um signo compatível com o meu.